Entenda o como funciona o passo a passo do processo e quais os desafios

Os Fundos de Investimento em Participações (FIPs) representam uma alternativa de investimento que permite aos investidores participar do crescimento de empresas de capital fechado. A fim de garantir a transparência e a correta precificação desses investimentos, existe um processo rigoroso de marcação de cotas.
De acordo com as normas da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), bem como as práticas de mercado, a marcação de cotas precisa refletir o valor justo dos ativos que compõem o fundo. Por isso, este processo exige uma análise detalhada e criteriosa de cada investimento. Desse modo, a marcação de cotas de um FIP segue os seguintes passos:
1. Identificação dos ativos do FIP
O primeiro passo do processo envolve um levantamento completo de todos os ativos que fazem parte do fundo. Em outras palavras, é necessário catalogar cada empresa investida, título de dívida conversível ou outro instrumento financeiro presente na carteira.
Durante esta etapa, a equipe responsável pela gestão do FIP precisa reunir toda a documentação relevante sobre cada ativo. Isto inclui contratos de investimento, acordos de acionistas e demais documentos que estabelecem os direitos e obrigações do fundo em relação a seus investimentos.
Em virtude da natureza dos FIPs, que costumam ter uma quantidade limitada de ativos em carteira, cada investimento merece uma análise individual e aprofundada. Além disso, é fundamental considerar as características específicas de cada empresa investida, como seu estágio de desenvolvimento, setor de atuação e perspectivas de crescimento.
Por fim, esta fase também inclui a verificação das regras específicas do regulamento do fundo quanto à avaliação de ativos, assim como eventuais particularidades contratuais que possam impactar o processo de marcação.
2. Escolha da metodologia de avaliação
Com as informações em mãos, é preciso fazer a seleção do método mais adequado para avaliar cada ativo. Essa é uma decisão importante que impacta diretamente a precisão da marcação das cotas. Esta escolha leva em conta diversos fatores, como a natureza do ativo, a disponibilidade de informações e as características do mercado em que a empresa atua.
É comum que diferentes ativos dentro do mesmo FIP sejam avaliados por metodologias distintas, a fim de refletir suas particularidades. Sob o mesmo ponto de vista, a escolha do método precisa ser justificada e documentada, garantindo a transparência do processo. Dentre os métodos mais conhecidos e utilizados, estão:
Fluxo de Caixa Descontado (FCD)
O método do Fluxo de Caixa Descontado é amplamente utilizado na avaliação de empresas com histórico operacional estabelecido e perspectivas de crescimento previsíveis. Esta metodologia se baseia na premissa de que o valor de um negócio é igual ao valor presente de seus fluxos de caixa futuros.
Para aplicar o FCD, os avaliadores projetam os resultados futuros da empresa com base em seu desempenho histórico, planos de crescimento e perspectivas do setor. Em seguida, estes fluxos são trazidos a valor presente por meio de uma taxa de desconto que reflete o risco do investimento.
A principal vantagem deste método é sua capacidade de capturar o potencial de geração de valor da empresa ao longo do tempo. No entanto, sua aplicação exige uma análise criteriosa das premissas utilizadas nas projeções.
Avaliação com base em múltiplos de mercado
A avaliação por múltiplos compara indicadores financeiros da empresa com os de outras companhias similares, sejam elas de capital aberto ou que participaram de transações recentes. Os múltiplos mais comuns incluem EV/EBITDA, EV/Receita e Preço/Lucro.
Este método é especialmente útil quando existem empresas comparáveis com informações públicas disponíveis. A análise considera fatores como tamanho, setor de atuação, modelo de negócios e estágio de desenvolvimento para selecionar as empresas mais adequadas para comparação.
Uma das vantagens da avaliação por múltiplos é sua objetividade, já que se baseia em dados de mercado observáveis. Por outro lado, ajustes podem ser necessários para refletir diferenças específicas entre as empresas comparadas.
Precificação baseada em transações recentes
Este método considera o valor estabelecido em transações recentes envolvendo a própria empresa ou negócios similares. Ele é particularmente relevante quando houve uma rodada de investimento recente ou operações de fusão e aquisição no setor.
A análise de transações comparáveis oferece uma referência concreta de mercado, refletindo quanto investidores estão dispostos a pagar por ativos semelhantes. No entanto, é importante considerar mudanças nas condições de mercado desde a data da transação.
Para que este método seja efetivo, as transações utilizadas como referência precisam ser recentes e envolver empresas com características similares à empresa avaliada.
A escolha da metodologia de avaliação deve considerar não apenas as características específicas do ativo, mas também as diretrizes estabelecidas pela CVM e as melhores práticas de mercado. Esta decisão impacta diretamente a qualidade e a confiabilidade da marcação das cotas.
Além disso, é fundamental que a metodologia escolhida seja consistente ao longo do tempo, permitindo comparações entre diferentes períodos de avaliação. Mudanças na metodologia devem ser bem fundamentadas e comunicadas aos cotistas.
3. Coleta de dados para a marcação de cotas de FIP
Depois de escolher a metodologia, é necessário coletar os dados que ajudam ela a ser aplicada. Esse processo fundamental para uma avaliação precisa e confiável e envolve a reunião de informações financeiras detalhadas de cada empresa investida, incluindo demonstrações financeiras, projeções e indicadores operacionais.
A análise também considera dados macroeconômicos e setoriais que podem impactar o valor dos ativos. Isto inclui taxas de juros, índices de inflação, crescimento do PIB e tendências específicas do setor em que cada empresa atua.
De fato, a qualidade dos dados coletados tem impacto direto na precisão da avaliação. Por isso, é essencial estabelecer um processo estruturado de coleta e validação das informações, garantindo sua consistência e confiabilidade.
Além das informações quantitativas, a coleta de dados também abrange aspectos qualitativos, como mudanças na gestão, novos projetos em desenvolvimento e alterações no ambiente competitivo.
4. Aplicação da metodologia
Com os dados coletados e a metodologia definida, inicia-se a fase de aplicação prática do processo de avaliação. Esta etapa exige rigor técnico e atenção aos detalhes para garantir resultados precisos e confiáveis.
No caso do Fluxo de Caixa Descontado, as projeções são elaboradas considerando o plano de negócios da empresa, seu histórico de desempenho e as perspectivas de mercado. A taxa de desconto é calculada levando em conta o risco específico do investimento e as condições macroeconômicas.
Para avaliações baseadas em múltiplos, os indicadores são calculados e ajustados para refletir diferenças entre as empresas comparadas. Isto pode incluir ajustes por tamanho, crescimento, margem ou outros fatores relevantes.
A aplicação da metodologia também considera aspectos específicos de cada investimento, como direitos especiais previstos em acordos de acionistas, cláusulas de proteção ou opções de compra e venda.
Por fim, os resultados são documentados em detalhes, incluindo todas as premissas utilizadas e os cálculos realizados. Esta documentação é essencial para garantir a transparência do processo e permitir futuras revisões.
5. Revisão e validação
O processo de revisão interna é crucial para garantir a qualidade e a confiabilidade da marcação de cotas. Nesta etapa, uma equipe independente analisa todos os cálculos, premissas e conclusões do processo de avaliação.
Os revisores verificam a consistência das informações utilizadas, a adequação da metodologia escolhida e a razoabilidade dos resultados obtidos. Qualquer divergência ou questionamento é discutido e resolvido antes da finalização da avaliação.
Em muitos casos, auditores externos são envolvidos no processo para adicionar uma camada extra de validação. Estes profissionais independentes avaliam se os procedimentos seguem as normas aplicáveis e as melhores práticas de mercado.
A documentação completa do processo de revisão e validação é mantida para fins de registro e eventual consulta futura.
6. Atualização da marcação
Após a aprovação do processo de avaliação, os novos valores são utilizados para atualizar a cota do FIP. Este processo considera o valor total dos ativos do fundo, descontados os passivos e despesas aplicáveis.
A frequência de atualização da marcação varia conforme o regulamento do fundo e as normas aplicáveis. Em geral, ela ocorre mensalmente, mas alguns fundos podem ter períodos diferentes de atualização.
O processo de atualização também considera eventos relevantes que possam impactar o valor dos ativos, como aportes de capital, distribuições de dividendos ou alterações significativas no cenário de mercado.
Toda alteração no valor das cotas é devidamente registrada e documentada, permitindo o acompanhamento da evolução do patrimônio do fundo ao longo do tempo.
7. Divulgação para os cotistas
A comunicação transparente com os cotistas é um elemento essencial do processo de marcação de cotas. Os resultados são apresentados de forma clara e objetiva, permitindo que os investidores compreendam a evolução de seus investimentos.
Os relatórios de marcação incluem não apenas os valores atualizados, mas também informações sobre as metodologias utilizadas e as principais premissas consideradas na avaliação.
Em caso de mudanças significativas no valor das cotas, são fornecidos esclarecimentos adicionais sobre os fatores que motivaram tais alterações. Isto ajuda os cotistas a entenderem melhor o desempenho de seus investimentos.
A divulgação regular e transparente das informações fortalece a relação de confiança entre o gestor do fundo e seus investidores.
8. Monitoramento contínuo
Por fim, o processo de marcação de cotas exige um monitoramento constante dos ativos do fundo e do ambiente de mercado. A equipe de gestão acompanha regularmente o desempenho das empresas investidas e as condições econômicas que podem impactar seu valor.
Este monitoramento permite identificar a necessidade de reavaliações extraordinárias, seja por mudanças significativas nas empresas investidas ou por alterações relevantes no cenário macroeconômico.
O acompanhamento contínuo também contribui para o aperfeiçoamento do processo de marcação, permitindo ajustes e melhorias com base na experiência acumulada e nas melhores práticas de mercado.
9. Conte com um parceiro
No geral, a marcação de cotas de FIP exige um processo complexo e meticuloso, com diversas etapas técnicas que demandam expertise específica. No entanto, a Ipê
Avaliações torna este processo mais simples e eficiente para gestores e administradores de fundos, com uma equipe especializada que domina todas as etapas necessárias para uma avaliação precisa e confiável.
A Ipê Avaliações possui a capacidade técnica e a experiência necessária para realizar a marcação de cotas do seu FIP de acordo com as normas da CVM e as melhores práticas de mercado. Nossa equipe garante um processo transparente e consistente, com documentação completa e relatórios detalhados que atendem às necessidades de gestores, administradores e cotistas.